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Por que as APIs validam a nova economia colaborativa?

Outubro de 2021 – A Economia de APIs (do inglês, Application Programming Interface) não se trata apenas de tecnologia, mas sim sobre negócios. No novo mundo da economia colaborativa, no qual uma ou mais empresas trabalham em conjunto com o objetivo de gerar mais valor para seus clientes e, consequentemente, para seus negócios, uma estratégia sólida de APIs é fundamental, pois habilita a colaboração, de forma segura e controlada, a partir de governança e de boas práticas entre empresas.

A ideia preconizada pelas APIs é que, por meio da exposição dos sistemas tecnológicos, parceiros criem produtos e serviços para os clientes, inovações essas que não seriam possíveis – ou muito dificilmente seriam viáveis – em uma abordagem solo de cada uma das empresas.

Entre as principais vantagens de seu uso, que ganhou destaque com a digitalização de ofertas e serviços, está a possibilidade de agregar valor ao negócio da empresa expondo seus sistemas legados e permitindo que programadores desenvolvam aplicações conectadas a todo o conjunto tecnológico existente.

Outro benefício relevante é de se conectar ao ecossistema de inovação, permitindo às startups criarem produtos e serviços inovadores e disruptivos, baseados nos sistemas da empresa fornecedora da API e que permitem à mesma incorporar esses aplicativos sem a necessidade de investimento próprio em Pesquisa e Desenvolvimento. E, ainda que houvesse, dificilmente se chegaria aos mesmos resultados em virtude das barreiras que empresas tradicionais têm em inovar. Este é o conceito de inovação aberta, que vem ganhando cada vez mais força em empresas de diversos setores.

No mercado de varejo, por exemplo, a necessidade de criação de canais digitais de vendas, que foi agravada pelos impactos da pandemia e exigiu um maior cuidado com as interações físicas, fez com que a exposição dos sistemas tradicionais (legados) das empresas explodisse. Neste cenário, o uso de APIs é indispensável para integrar soluções que habilitam esses canais digitais, como marketplaces, lojas virtuais próprias e a criação de lojas afiliadas aos grandes varejistas, capilarizando a atuação digital destas empresas.

Outro mercado bastante impactado com a Economia de APIs é o de telecomunicações. Neste setor, o ecossistema de Serviços de Valor Agregado (VAS, na sigla em inglês), desenvolve aplicativos para os clientes das empresas de telecom, consumindo diversas APIs, entregando conteúdos usando a rede das operadoras.

Um exemplo é quando uma empresa de telcom inclui dentro de seus planos uma assinatura de uma empresa de streaming de filmes, séries ou músicas. Todo esse processo é realizado através de APIs, que fazem desde a inclusão do cliente nas bases de assinantes de ambas as empresas, até a efetiva cobrança e repasse de valores para as parceiras.

Ainda nesse segmento, o acesso aos dados dos clientes, desde que consentido e seguindo a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais), por meio do uso de APIs para segmentar ofertas e publicidade, é uma tendência promissora e em desenvolvimento.

Para as pessoas físicas, as APIs se traduzem como uma maior oferta de sistemas à sua escolha, incluindo mais opções de pagamentos em e-commerces. Antes, havia limitações de sistemas para pagamentos de transações on-line. Agora, com as integrações, é possível oferecer transações instantâneas com maior diversidade de sistemas de pagamento.

Outra aplicação bastante utilizada é o cadastramento em um serviço na Internet utilizando a conta do Facebook, por exemplo. Para isso, é utilizada uma API da rede social que valida os dados do cliente e repassa à provedora do serviço todos os dados necessários para o cadastro. Essa é uma aplicação que facilita tanto a vida do cliente pessoa física, quanto da empresa que está cadastrando essa pessoa.

Diversas tecnologias podem ser associadas às APIs. Um bom exemplo é a IoT (em inglês, Internet of Things). Imagine um box de telemetria instalado em um caminhão que coleta milhares de dados de diversas partes do veículo. Esses dados podem ser exportados para uma plataforma na nuvem e consumidos, por meio de APIs, por uma empresa que esteja desenvolvendo um aplicativo, por exemplo, para analisar o estilo de direção do motorista do caminhão, definindo qual o risco associado a essa condução especificamente.

Outra tecnologia que pode ser habilitada por APIs é o RPA (Robot Process Automation), que automatiza processos por meio do uso de robôs pré-programados para execução de tarefas repetitivas. Invariavelmente, esse procedimento depende de outros sistemas para rodarem, que podem ser internos ou externos à empresa e devem ser integrados por meio de APIs.

Como vimos, as APIs habilitam toda uma nova gama de serviços e produtos e são a alma e o corpo da crescente economia colaborativa. Uma empresa que deseja ser parte do ecossistema de inovação, realimentando os seus resultados, deve ter uma política de exposição de suas APIs de forma pública, segura e controlada a partir da governança e das boas práticas. Essa abordagem empresta à empresa uma imagem colaborativa, inovadora e faz com que a comunidade de desenvolvedores a considere na criação de modelos de negócio, gerando, consequentemente, o aumento de suas receitas. 

*Daniel Kaestli Pessoa é gerente comercial de Digital Business da Engineering, companhia e consultoria global de Tecnologia da Informação especializada em Transformação Digital. 

Veículo Portal Mobile Time: https://bit.ly/artigo_apieconomy

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